BENEFICIADOS PELO BOLSA-FAMÍLIA DEIXAM O PROGRAMA ESPONTANEAMENTE DEPOIS DE MELHORAREM DE VIDA
Já passa de 60 mil o número de pessoas que se desligaram depois de aumentarem a renda
O crédito concedido pelo governo às famílias de baixa renda, o Bolsa-Família, já recebeu uma enxurrada de criticas por parte dos que acreditam no caráter assistencialista do programa, que visaria, acima de tudo, promover a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Críticas destacadas, vale ressaltar os bons frutos. O Ministério do Desenvolvimento calcula que desde a criação do programa, em 2004, 60.165 famílias tenham se desligado espontaneamente do auxílio em dinheiro. Cartas endereçadas aos que coordenam o Bolsa-Família nos municípios brasileiros revelam que o crédito estabelece entre o governo e os beneficiados uma relação mais transparente do que se poderia imaginar.
Famílias que recebiam ajuda do governo de R$75 ou R$120 abrem mão do dinheiro quando conseguem emprego com carteira assinada, ou quando os filhos deixam a escola, em solidariedade aos que ainda precisam do auxílio. Isso fica revelado em depoimentos como o de Creunice de Oliveira, 33, que saiu do programa e abriu mão de receber os R$75 mensais depois de ser registrada como doméstica. “Fui salva pelo Bolsa-Família, me ajudou para caramba. Mas agora não estou precisando. Liguei para a assistente social e disse; não acho justo.”
Mais do que a relação de confiança estabelecida entre assistência social e beneficiados, as cartas e contatos revelam que o sistema do cadastro único, que reúne todas as informações das pessoas que participam de programas do governo, está operando bem. Isso porque através do cadastro é possível controlar o que acontece na vida de cada um dos beneficiados. Para o economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o cadastro único está se transformando num “mapa preciso da pobreza, que melhorou muito a gestão social do pais” porque revela detalhes como renda, consumo, registro de emprego formal, educação, saúde, alimentação e mudança de endereço. Neri avalia bem o programa até aqui, independente dos desafio que terá de enfrentar para evoluir. “Com uma quantia equivalente a 0,8% do PIB, ele beneficia 25% da população.”
Para os bem-intencionados tudo fica mais fácil. No caso de precisarem de novo da ajuda do governo, eles podem pedir a reinscrição. Se o sistema detectar fraude, ou se não estiverem ajustados às condições necessárias, como crianças na escola e carteira de vacinação em dia, o auxílio é automaticamente cancelado. O governo já estuda a possibilidade de manter o programa mesmo depois da melhora na renda dos beneficiados, durante os dois anos seguintes.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
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