
GOVERNADORA DO MAIOR ESTADO DA ÍNDIA É FILHA DE DALITS
Considerada a mais baixa casta entre os indianos, os dalits correspondem a 16% da população do pais
A história parece familiar para quem viu, em 2002, a eleição do primeiro presidente operário do Brasil. O que veio depois, muita gente contesta. Mas mesmo com escândalos, CPI’s e muita crítica, aquele ex-líder sindical, que desembarcou em São Paulo com a família pernambucana num pau-de-arara, se reelegeu em 2006 com a mesma força de antes e sob os aplausos de gente poderosa, membros da elite do País.
As semelhanças param por aí. Kumari Mayawati é mulher, nasceu na Índia e ainda não é chefe de estado. Ainda. Ela já é governadora do maior estado indiano, Uttar Pradesh, com uma população de 160 milhões de habitantes e se prepara para o papel conciliador nas próximas eleições. Nenhum dos partidos indianos tem maioria no Parlamento. Mayawati será peça fundamental para qualquer partido. Ela fez alianças importantes e historicamente inéditas com castas superiores e o estado que governa detém hoje o maior número de cadeiras no Parlamento. “Prefiro ser conhecida como uma líder de todas as comunidades”, diz Mayawati, que é solteira aos 52 anos, contrariando as expectativas sociais da Índia.
A discriminação de casta é oficialmente proibida Índia, mas persiste na política, aparentemente último reduto desta estratificação. Os esforços conciliadores de Mayawati são muitas vezes interpretados por líderes representantes de castas superiores como jogo de interesses pessoais. Outros ainda a acusam de corrupção, e de ser uma “predadora com escassa bagagem ideológica”. Uma dalit incomoda muita gente.
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