CIDADÃOS DO MUNDO
Fórum debate possibilidade de cidadania global ao migrante
O rigor no controle de entrada e saída de estrangeiros nos aeroportos do mundo tem chamado a atenção de todos. Quem sai de um país mais pobre e desembarca no “primeiro mundo” tem grandes chances, hoje, de passar por alguma situação embaraçosa na chegada ao destino escolhido para passear, trabalhar ou visitar parentes. A Espanha, país que sediou um encontro para se discutir os direitos dos migrantes mundo afora, declarou guerra, há alguns meses, aos visitantes brasileiros. Chegou mesmo a haver uma certa tensão entre embaixadas daqui e de lá por causa do episódio da brasileira Patrícia Camargo Magalhães, 23, estudante que ficou presa por dois dias no aeroporto de Madri, quando fazia uma conexão para chegar a Portugal, onde participaria de um congresso científico.
O seminário “Globalização, Migração Internacional e Desenvolvimento”, que aconteceu na semana passada, em Santander, na Espanha, trouxe à tona uma discussão importante para que se estabeleça direitos aos migrantes. No debate, o chefe da Unidade de Avaliação do Alto Comissariado das Nações Unidas, Jeff Crisp, ressaltou que assim como os refugiados precisam de proteção, os migrantes também. Lembrou que o número de pessoas que vivem fora de seus países de origem corresponde a 3% da população mundial (algo como um Brasil e uma Argentina juntos, ou 220 milhões de pessoas) e que este percentual compõe o PIB de países como os Estados Unidos, onde 9% da população empregada é de migrantes. Falou-se em US$ 300 bilhões gerados com um aumento de 3% no número de migrantes nos países desenvolvidos, mais do que os ganhos potenciais da Rodada Doha com a liberalização do comércio.
A proposta principal discutida no seminário, que foi realizado com o patrocínio do Clube Madri, instituição que reúne 64 ex-chefes de governo do mundo inteiro, é a de se criar uma cidadania global, concebendo “cidadania” como base na residência e não na nacionalidade. Faz todo o sentido num mundo altamente globalizado onde “o capital, os bens, e as idéias gozam de livre movimento”, disse Crisp. “Não é o que acontece com a s pessoas” , completou.
Além da cidadania global, foi defendida a criação de uma organização global para a governança das migrações, como existe a Organização Mundial do Comércio, por exemplo. Jeff Crisp ainda lembrou que um dos grandes entraves para resolver questões relacionadas aos migrantes é o que ele chama de “dupla hipocrisia”: “ Os governos dos países emissores dizem que não querem que eles saiam, mas necessitam que o façam, assim como os países receptores não querem que venham, mas precisam da mão-de-obra deles.”
terça-feira, 26 de agosto de 2008
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